O Ciclo «Paisagens Monásticas», ficção sonora dividida em quatro partes, resulta de uma encomenda à ESMAE – Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, assente na ideia de paisagem monástica e dos seus espaços. Para enriquecer o pensamento criativo foram acopladas a esse lugar imaginário quatro articuladores de sentido – silêncio, tempo, voz e água – que desencadearam o processo de criação a partir da sua própria língua composicional.
Ficção sonora
O resultado de vários meses de composição e ensaios pode ser apreciado, em contexto digital, numa interpretação do Ensemble Contemporâneo e do Coro da ESMAE, com Direção Musical de Barbara Francke e Composição/Obras de Dimitris Andrikopoulos, Eugénio Amorim, Rui Penha e Telmo Marques.
“Psalm 84”
Eugénio Amorim (Psalm 84) ficou vinculado ao articulador silêncio enquanto caminho do encontro para, parafraseando Ruy Belo, aqueles que procuram nos sons um recorte para o silêncio que teima a existir no real, apesar das ameaças.
“Revelations”
A Dimitris Andrikopoulos (Revelations) coube o articulador tempo, por forma a torná-lo matéria da história e a ensaiar a possibilidade de reinscrever a música na agenda da memória humana, tomando as paisagens monásticas como referência.
“Aqua”
A Telmo Marques (Aqua) coube expor a força ontológica de um lugar ficcionado que conquistou, na fronteira da linguagem musical, a fluidez suficiente para requisitar e tornar indispensável, em nós, o carácter flexível, poroso e metafórico de uma paisagem monástica.
"Händel with care”
A Rui Penha (Haendel with care) foi proposto dar voz à voz enquanto instrumento de diálogo, enquanto ponto de partida para a elegância luminosa das palavras-sons que comunicam e que põem em comum, e no mesmo lugar, a força da sua própria enigmaticidade.