O Mosteiro de Rendufe foi uma das principais casas beneditinas entre os séculos XII-XIV
Com origem anterior a 1090, da obra medieva nada resta devido a reformas posteriores. A atual igreja data de 1716-1719 e recebeu valiosa talha barroca e foram edificados o claustro e a biblioteca. Após a sua extinção, em 1834, a igreja passou a paroquial e arruinaram-se as dependências monacais.
A história do Mosteiro de Rendufe remonta à época do Conde D. Henrique
Embora se desconheça a data da sua fundação, eventualmente devida a Egas Pais de Penegate, é possível que tenha ocorrido pouco antes de 1090, pois em Dezembro desse ano o seu abade figura num julgamento. De acordo com uma inscrição existente no pavimento, junto ao arco do cruzeiro, a igreja já se encontrava concluída em 1151.
Durante a Idade Média foi um mosteiro bastante rico e com um amplo domínio mas, à semelhança do que aconteceu em boa parte das casas conventuais do nosso país, experimentou um forte abalo em consequência da gestão ruinosa dos abades comendatários e, anteriormente, das questões levantadas entre o mosteiro, o arcebispo e a família patronal dos Vasconcelos. Essas questões conduziram à sua extinção, seguida de restauração em 1401.
A grande reforma da primitiva igreja
Esta reforma deveu-se à iniciativa do último comendatário – D. Henrique de Sousa (descendente do cardeal Alpedrinha), que, em 1551, reedificou o mosteiro. O templo passou então a possuir três naves com capelas laterais. Esta campanha de obras permitiu que a igreja se mantivesse até ao século XVIII, não se integrando no conjunto de mosteiros remodelados depois da criação da Congregação Beneditina, em 1567.
Ao longo do século XVII várias obras denunciam um desejo de atualização estética, consumado na centúria seguinte. A mais significativa é a fachada da portaria, que ostenta a data de 1638 e segue modelos quinhentistas divulgados no tratado de Sebastião Serlio. O teto da nave foi forrado por duas vezes, e na sacristia registam-se móveis novos, executados por Agostinho Marques, de Braga, em 1697.
O grande incêndio de 1877
É durante o primeiro quartel do século XVIII que se assiste a uma constante atividade construtiva, responsável pela reforma integral da igreja, e demais dependências conventuais, grande parte das quais, infelizmente, desaparecida no incêndio de 1877.
A existência de registos periódicos, os chamados Estados de Tibães, permite acompanhar as obras, triénio a triénio. Assim, entre 1716 e 1719, levantou-se a nova igreja, de planta em cruz latina, com nave única coberta por abóbada de berço e dois altares laterais, transepto, altares colaterais e capela-mor de grandes dimensões, num traçado que obedece à generalidade das plantas beneditinas da época. A fachada, por sua vez, afasta-se dos modelos empregues anteriormente, ao apresentar um portal central, a que se sobrepõem três nichos com as imagens de Santo António, São Bento e Santa Escolástica (as actuais são de época posterior), e três janelas ovais. No interior, o arco da tribuna e a nova abóbada da capela-mor são de 1725-28. A talha foi executada entre 1719 e 1725 e dourada entre 1725 e 1728, continuando depois, em 1752-1755. É de estilo nacional, filiando-se o retábulo da capela-mor no de São Bento da Vitória, no Porto, razão pela qual Roberth Smith atribui a sua autoria ao entalhador da igreja portuense, Gabriel Rodrigues. Situação semelhante verifica-se ao nível do cadeiral do coro, de 1722. A talha das bancadas da capela-mor pode ser cotejada com a de Tibães (atr. A Frei José António Vilaça) que, tal como a das janelas, é já rococó.
Por sua vez, a biblioteca foi edificada no triénio de 1716-19, tal como o claustro, do qual apenas subsistem as ruínas, com arcadas de capitéis toscanos. O novo dormitório remonta a 1728-31. Uma das últimas obras, mas de grande significado, por obedecer a novas diretivas que visavam retirar o Santíssimo Sacramento da capela-mor, foi a edificação da capela do Sacramento, em 1777-80, numa linguagem pombalina.
Adaptado de: IPPAR / IGESPAR